Rápido, ágil, habilidoso, ambidestro, pioneiro... Qualidades que marcaram a carreira de Zé Sérgio, um dos grandes pontas-esquerda do futebol brasileiro. Ídolo do São Paulo e Santos, o ex-jogador completa 60 anos de vida nesta quarta-feira (8) e fala sobre sua carreira e o futuro do futebol brasileiro.
José Sérgio Presti, o Zé Sérgio, nasceu no dia 8 de março de 1957, em São Paulo. Primo de Roberto Rivellino, o ex-jogador iniciou sua carreira profissional no São Paulo, aos 19 anos, no dia 13 de junho de 1976, na partida entre São Paulo e América de São José do Rio Preto.
Um ano depois já era um dos principais jogadores do São Paulo na conquista do inédito Campeonato Brasileiro de 1977. “Por ser o meu primeiro e o primeiro nacional do São Paulo foi o mais importante para mim. O título foi de grande importância para o deslanche do clube. Não se dava muita atenção para a Libertadores e Mundial naquela época, então aquele brasileiro foi especial, ainda mais pelo favoritismo do Atlético Mineiro”, comentou Zé Sérgio.
Com um início de carreira avassalador, Zé Sérgio foi convocado para a Copa do Mundo de 1978, porém não foi utilizado pelo técnico Cláudio Coutinho. Na oportunidade, esteve no elenco canarinho ao lado de seu primo Rivellino. “Eu tenho parentesco com o Rivellino e foi o melhor que joguei. De ver jogar foi o Pelé, mas de estar perto e dividir o campo o melhor foi o Rivellino”, explicou.
Em 1984, Zé Sérgio foi envolvido em uma troca entre São Paulo e Santos. Ele e Humberto foram para o time santista e Pita para o tricolor do Morumbi. Pelo Alvinegro Praiano foi campeão paulista daquela temporada.
Dois anos depois se transferiu ao Vasco, onde ficou por duas temporadas e se tornou campeão carioca de 1987. Após passagem pelo time do Rio de Janeiro, acertou sua ida ao futebol japonês. Jogou pelo Kashiwa Reysol até 1991, ano em que pendurou as chuteiras.
Precursor no passado e pensamento do futuro
Destro, Zé Sérgio atuava pela faixa esquerda do campo e tinha facilidade para driblar para os dois lados. Foi um dos primeiros atletas a atuarem com 'o pé trocado', fato muito utilizado hoje em dia.
“Naquela época, tinha o Paulo César Caju, mas ele não era um ponta como eu. Se eu mantivesse mais uns quatro, cinco anos o pessoal certamente lembraria mais de mim como um dos pioneiros a jogar com o pé invertido. Antigamente, os laterais não passavam o meio-campo e dificilmente jogavam com as duas pernas. Hoje em dia, os alas avançam e são ambidestros. O futebol mudou, mas essa características foi importante para mim”, citou.
Veloz e habilidoso, Zé Sérgio falou do seu estilo e fez um paralelo com o futebol atual. “Em termos de posição é difícil comparar. Pela agilidade de driblar para um lado e para o outro, o Neymar é bem parecido, mas ele é mais habilidoso que eu (risos). Pelas características de jogo, acho que o Robben (holandês) lembra um pouco apesar de ser canhoto e jogar na direita”, falou.
Aos 60 anos, Zé Sérgio acredita que ainda pode contribuir para a melhoria do futebol brasileiro. “Trabalhei na base do São Paulo e da Ponte Preta e participei da revelação de jogadores como Breno, Oscar, Lucas, Casemiro. Acho que todo profissional precisa se atualizar e se reciclar. Farei alguns cursos e acredito que posso ajudar muito através da minha experiência e convicções”, concluiu.
Lesões e seleção brasileira
Considerado o melhor jogador do Brasil em 1980, Zé Sérgio lamentou as lesões que o prejudicaram na sua carreira. “Meu início foi muito positivo. Fui considerado revelação e o melhor jogador, mas as lesões me prejudicaram. A medicina esportiva não era avançada, então sinto dores no joelho esquerdo até hoje. Cinco anos depois tive a mesma contusão no joelho direito e não sinto nada, pois foi tratado de forma diferente”, disse.
Em 1982, Zé Sérgio era apontado como um dos jogadores que iriam compor a seleção de Telê (Santana), mas foi cortado devido à lesão. Éder entrou em seu lugar. “Eu fui em 1978, mas era novo. O meu ano era 1982. Era o meu auge e fiquei fora por conta das lesões. Não conseguia render o que rendia. Meu futebol dependia da velocidade, da mudança de direção e aquilo me prejudicou”, afirmou.
O ex-jogador participou de uma das melhores seleções da história (1982), mesmo não conquistando a Copa do Mundo e fez uma comparação com o atual selecionado verde e amarelo. “A diferença é que na minha época todos os jogadores se identificavam com o Brasil, pois estavam todos aqui. Eram unânimes. O Telê não era estrategista, ele treinava para tirar a individualidade de cada um. O Tite depende mais da estratégia, do que a individualidade. Vamos aguardar para ver até onde iremos chegar”, concluiu.